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Água de Trov​ã​o: umas portas sim, outras portas n​ã​o

by DiscDiz

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1.
En tu puerta estamos cuatro y todos cuatro te qu'remos y salga la niña y escoja, los demás nos volveremos..
2.
Sejas tu quem fores, ao anoitecer sai sai do teu quarto onde tudo sabes Na distância a tua casa é a última. Caminha sem te moveres os campos estendem um corpo, um corpo colado ao teu Sejas tu quem fores, ao anoitecer sai sai do teu quarto onde tudo sabes Entro em casas esvaziadas, no recente aconchego de alguém. Entro em casas esvaziadas tudo silencioso, silencioso. Sejas tu quem fores, ao anoitecer sai sai do teu quarto onde tudo sabes. Portanto, farei uma escada no coração e pelos degraus subirei da minha casa. Da minha casa subirei, portanto, sem palavras, em silêncio. Começa a haver meia noite e a haver sossego em silêncio, pisando o coração. Por toda a parte casas sobrepostas em silêncio À meia noite em silêncio começa a haver sossego. O pensamento é um lugar sentado. Só brancas sombras Sejas tu quem fores, ao anoitecer sai sai do teu quarto onde tudo sabes. a terra devastada, o fecho do portão. Fico sozinho com o universo inteiro... a terra devastada, fico sozinho com o universo inteiro o fecho do portão, o som de um portão que se fecha brusco, dói-me E desci para abrir a casa. A casa morreu ninguém pode usá-la agora O vento que a fechou fechou-nos a nós fora Sejas tu quem fores, ao anoitecer sai sai do teu quarto onde tudo sabes.
3.
Ó de casa, nobre gente Escutai e ouvireis Ouvireis nobres senhores Que vos vem vêm cantar os Reis Senhora que estais lá dentro Acendei-nos uma luz Nos vimos anunciar Que já nasceu Jesus O que pinheiro tão alto A que porta d'eu bater Vivam os senhores da casa Que nos vão dar de beber
4.
Vou em direção à passagem dos olmos, saio do seu crepúsculo para a planície e o anoitecer. Há um gigante na serra Vou, saio A oeste a erva húmida Ao vento, o mesmo vento que as nuvens também sentem. As nuvens apressam-se. Saio do seu crepúsculo A oeste Ao vento Ao sul Saio, vou Uma vigília ao vento. Na noite profunda, lanternas de mil tendas. Uma vigília na neve A oeste e um clamor que interrompe o meu sonho A erva húmida. Claros rios ao vento. Dez mil corvos. Moinhos de velas vão moendo o horizonte. Há um gigante na serra Agora também eu sou uma coisa na sua mão, a mais pequena sob estes céus Altas montanhas Olha: Isto é um céu, claro, azul onde se empurram nuvens. Dez mil corvos empoleirados. Na primavera a montanha é de jade no outono, verde escuro Uma maravilhosa construção em si mesma se move a si mesma se sustém Os gritos dos gansos selvagens extinguem-se Olha: Há um gigante na serra que estende ao sol os ossos descarnados Isto é um céu claro, azul… Uma vigília na neve. Asas gigantes. E de repente, além: um portal que talvez só as aves conheçam… Na primavera, a montanha é de jade. A oeste, Uma maravilhosa construção Um único fio de luz, brilha, ténue Em si mesma se move a si mesma se sustém. Cuida a gente andar na serra e no gigante vai a andar. Vou em direção à passagem dos olmos para a planície e o anoitecer Cuida a gente andar na serra e no gigante vai a andar.
5.
O Senhor da Serra é meu o Senhor da Serra é meu que o ganhei ao serão que o ganhei ao serão oh meu divino Senhor oh meu divino Senhor tende de mim compaixão tende de mim compaixão Vira vira do norte pro sul vira vira do norte pro sul quando vira o norte faz o céu azul vira vira e torna a virar que eu nunca posso deixar de te amar Oh meu divino Senhor oh meu divino Senhor vinde abaixo à ladeira vinde abaixo à ladeira vinde buscar a mortalha vinde buscar a mortalha qu'eu já tive à cabeceira qu'eu já tive à cabeceira
6.
7.
Farronca Saca-unhas Papa-ronquilhas Sarronca Tendeiro por detrás dos espelhos pesadíssimos passos Saca-unhas Sarronca Ronca gadunha pesadíssimos Metia muito medo… por detrás dos espelhos Metia muito medo… viver com um sorriso estranho Metia muito medo… abrir armários pouco usados Metia muito medo… subir os degraus da escada Farronca Saca-unhas Papa-ronquilhos Sarronca Tendeiro Ronca-gadunha uma árvore negra diante do céu Farronca Metia muito medo… viver com um sorriso estranho Metia muito medo… abrir armários pouco usados Metia muito medo… subir os degraus da escada Aprendi a rir-me dele com os teus olhos arranhava ao pé da porta como um cão! e é grande… o comedor de crianças viver abrir subir mal-educadas! E é grande… E dizias tu: Cantam mal anoitece Põem-se à escuta cada pessoa imagina… mal anoitece Gostava de se esconder em armários pouco usados Farronca Saca-unhas Papa-ronquilhos Sarronca Tendeiro Ronca-gadunha Comedor de crianças Aprendi a rir-me dele mal educadas! Arranhava ao pé da porta como um cão! E dizias tu: Cantam Põem-se à escuta… E é grande… Quem levam eles pelas escadas? Este é o canto das estrelas Não tememos as montanhas A nossa luz é uma voz Voamos… para lá do céu
8.
9.
Subi ao calvário Vi lá uma luz De cama e leito De Cristo Jesus Eu deitei-me nela Pus-me a considerar A hora que eu tinha Para me salvar Vieram os Anjos Trouxeram uma guia Que fosse devota Da Virgem Maria A Virgem Maria Me mandou recado Que fosse cantando Bendito e louvado Bendito e louvado seja O Santíssimo Sacramento Da eucaristia O fruto do ventre sagrado Da virgem puríssima Santa Maria Além vai Jesus Que lhe querendeis vós Quero ir com Ele Qu’Ele leva a Cruz Seus braços abertos Seus pés encravados Derramando o seu sangue P’los nossos pecados. De chagas abertas e corações feridos, Livrai-nos Senhor De todos os perigos Salvador do mundo Que tudo salvai Salvai minha alma Bendito sejais Bendito sejais Sempre há lá de ser Salvai minha alma Quando eu morrer Quando eu morrer Quando acabar Salvai minha alma Para bom lugar Para bom lugar Para ó paraíso Salvai minha alma Dia de juízo Dia de juízo Senhor São José Salvai minha alma Pela vossa fé
10.
Ramai esta tormenta Acontece deste modo: há uma certa languidez… Leva-as para bem longe No ouvido não se calam as pancadas dos relógios… Eu vou para bem longe ao longe diminui o estrondo do trovão. Santa Bárbara Vou correr esta trovoada Santa Bárbara Queixas e gemidos aprisionadas vozes que não se reconhecem. Água de trovão O círculo secreto estreita-se, levanta-se um som que tudo venceu. Água de trovão Leva-as para bem longe Eu vou para bem longe Esta tarde a trovoada caiu Ramai esta tormenta como um pedregulho enorme como uma grande cabeça que diz que não Santa Bárbara Leva-as para bem longe Santa Bárbara a chuva enegreceu os caminhos Vou correr esta trovoada Santa Bárbara não sei porquê – eu não tinha medo Santa Bárbara Vou correr esta trovoada Santa Bárbara A trovoada se vestiu e se calçou. Ramai esta tormenta. alguém que possa acreditar… Santa Bárbara gente visível Santa Bárbara Água de trovão Eu vou para bem longe Em noites como esta A catedral treme negra com todas as suas naves. Os sinos pendem como pássaros, as portas estremecem e abana cada escora dos pilares Santa Bárbara Vou correr esta trovoada Santa Bárbara Leva-as para bem longe A trovoada se vestiu e se calçou E a tempestade rodopia, e transforma tudo, Atravessa a floresta e o tempo Todo o dia Ameaça Cairá Santa Bárbara Gente zangada por cima de nós Santa Bárbara Gente visível Ramai esta tormenta Leva-as para bem longe No ouvido não se calam as pancadas dos relógios Eu vou para bem longe ao longe diminui o estrondo do trovão Leva-as para bem longe Todo o dia Ameaça Silêncio Cairá Escuta como no bosque cresce a erva, Cairá como anda pela terra o mal com um alforge, De noite chega...
11.
Santa Barburinha bendita Livrai-nos das trovoadas Lev’as pra bem longe Santa Barburinha bendita Com ramo de água benta Ramai esta tormenta Santa Bárbara pequenina Se despiu e se calçou Bordão na mão tomou Onde vais Santa Barburinha Que no céu estais escrita Eu vou pra bem longe Vou correr esta trovoada Onde não há pão e vinho Nem bafo de menino Só a serpente e as sete filhas Bebem leite d’maldição E água de trovão

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Esta é uma história de serras e gigantes, trovões e tempestades, portas, passagens e bichos-papões.

Em cada linha fiámos o fio da tradição e da poesia, descobrindo os reflexos de uma alma antiga em melodias e palavras de um sentir universal.

A cada página tecemos o pano e esticámos a estopa com que vestimos o nosso sentir pessoal, para vogarmos nos ventos, dançarmos gigantes, corrermos as serras, bebermos a água do trovão.

Às vossas portas deixamos uma canção que todos reconhecemos, um sussurro de onde todos vimos, uma palavra que guarda as mais fundas memórias.

Quantas portas se abrirão a cada linha, a cada página desta história?

Ninguém o saberá dizer… será como a terra onde cai a água de trovão, nuns lados dá, noutros não.

credits

released August 12, 2018

Gravado, produzido e misturado por Fernando Matias;

Gaita de foles por José Gomes;

Capa de Brookesia Estudio (www.facebook.com/brookesiastudio)

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DiscDiz Lisbon, Portugal

“Quando eu vir vaguear por dentro da casa
o abeto que cresceu no bosque,
hei-de ajoelhar no soalho.

Se essa figura imponente, a árvore, me reconhecer,
vou interromper o que escrevo,
esperar ansiosa a atracção que a insónia desse vulto
há-de exercer sobre mim.

Sou eu que me vergo ao domínio.
Que me poise a marca incandescente na testa. “

Fiama Hasse Pais Brandão
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